terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quem vai chorar pelo menininho?


Só havia uma pergunta naquele coração temerosso e sem esperança.

Quem vai chorar por mim, quem vai sentir minha dor, daqui há alguns anos?

Se o sol brilhava na janela ele estava sozinho, se a lua dançava ao seu lado ele permanecia sozinho.

O pior de tudo que ele era uma criança triste e nem sabia por que e tinha tantas questões que

ninguém lhe dava respostas, a única frase em sua mente é agora não posso...

Em alguns dias ele acordava se sentindo um super herói em outros já não sentia nada.

Sabe aquele silêncio que amargura a alma ele me relatou sentir isso, seguido de uma forte taquicardia.

Teve uma infância problemática, em alguns aniversários se lembra de ter comemorado em um hospital frio, onde nasceu, se formou um homem duro e áspero, foi a vida que lhe fez assim.

Tentava chorar, mas não aprendeu, tentava ser dócil mas não sabia como,ver a vida de forma mais suave mas só conheceu tempestade.

Estudou em um dos colégios mais rígidos que a vida poderia lhe oferecer, não conseguia ver o pomar, as frutas, os balanços, só conseguia ver os tanques de guerra, os fuziz, as bandeiras e pensou que a vida era um constante campo de concentração.

Um dia entrou em uma loja e se encantou com uma roupa tão bonita, tão delicada, certamente faria sucesso, mas não teve força de se decidir por ela, afinal só conheceu a escuridão, a incerteza e tudo isso o direcionou ao preto, cor pesada, inespressível...

Toda vez que caía com as demais crianças da rua ele se levantava e dizia pra sí mesmo...levanta não foi nada.

Assim ele cresceu vendo a vida, toda vez que passava por uma dificuldade dizia pra sí mesmo "não foi nada"...

Mas os anos foram passando e de tanto mascarar seus sentimentos, ele já não sentia mais nada, foi considerado frio e distante pela sociedade, mas ele não tinha culpa, afinal não conheceu o aconchego do peito materno.

Lutou, lutou e aprendeu a sobreviver, da sua maneira é claro, mas sobreviveu.

Um dia conheceu uma moça se apaixonou, e pensou consigo mesmo agora terei alguém para dividir... alguém vai chorar por mim, mas se deparou com a mesma solidão.

Para ele era muito doloroso acreditar que continuaria sozinho, e que nos momentos em que mais precisasse, teria de seguir sozinho...

O cenário mudou, a dor permaneceu, as pessoas cresceram...mas ele parece ver a mesma janela, onde o sol brilha e ele permanece sozinho, a noite chega e ele continua sem respostas.

Em uma noite de chuvarada... ele mais uma vez se perguntou...

"Quem vai chorar pelo menininho???"

Ninguém...ninguém...

Um comentário:

Willian Lemos disse...

Quanta triteza nesse texto Bê!!!

Muitas das vezes nos sentimos como o pobre menino, mas, sei que diante de tantas mazelas, ainda sim, existe alguém que nos ampara e nos seca as lágrimas. Mesmo que não o vejamos ele está lá para soprar uma brisa suave e refrescante no rostinho quente de raiva.

Te amo

Will.